00:00 · 13.09.2015 / atualizado às 03:21 por Armando de Oliveira Lima - Especial para o Caderno 3
Historicamente identificado pelas produções de curtas metragens autorais, a animação cearense inicia uma nova contação de histórias agora, ao ter equipes dedicadas a produzir para outras plataformas - dentre as quais a televisão vem ganhando destaque. Hoje, dois grupos no Estado conseguiram recursos da Agência Nacional do Cinema (Ancine) que somam mais de R$ 1,5 milhão para desenvolverem séries animadas de TV - com exibição garantida - e fortalecem um meio ainda pouco ocupado.
Voltadas para o público infantil, as duas produções colocam a animação cearense mais uma vez na vanguarda do gênero no Nordeste e marcam a mudança prometida aos realizadores para no audiovisual pelas autoridades brasileiras. "A Lei da TV Paga deu um 'boom' para todo o mercado do audiovisual e a produção precisa aumentar para atender às cotas (de conteúdo nacional) dos canais", aponta a roteirista Mariana Medina sobre a oportunidade que a fez inscrever o projeto da série "Um conto em cada ponto".
A série tem direção de Telmo Carvalho e foi contemplada com R$ 455 mil da Ancine para desenvolver 13 episódios de 5 minutos cada. Para preservar o cinema de autor que fez dele conhecido em todo o Brasil com "Campo Branco" (1997, 15min), o roteiro pensado por Mariana planeja usar três tipos distintos de técnicas. Os dois querem mostrar na televisão um professor (animado em stop motion), que guiará os espectadores nos episódios, os quais terão crianças (em live action) contando lendas pouco conhecidas de diversas partes do Brasil a partir de desenhos feitos por elas mesmas. Das figuras feitas pelos meninos e meninas surge a história (em recortes).
Em estágio mais avançado de produção está a animação "A caixinha de música do Lino", também desenvolvida por Telmo Carvalho, a partir do roteiro de Petrus de Bairros. O projeto desta série infantil para a TV foi contemplado em um outro edital, em 2014, com R$ 150 mil - recurso destinado exclusivamente para a feitura da bíblia (livro com roteiro, estudo de personagens e algumas informações sobre a proposta) e um episódio piloto. Sem garantia de exibição ainda, Telmo deve finalizar os trabalhos até março do ano que vem, quando encerra o prazo destinado pelo edital e também quando ele deve ir negociar os direitos com os canais infantis da TV paga.
Membro da safra da década de 1990 de animadores cearenses e dedicado ao desenvolvimento de animações em 3D - como fez em outra série infantil animada (Bruguelo, 2005, TV Diário), Neil Armstrong foi o outro contemplado do Ceará com o edital de animação infantil da Ancine. Ele conseguiu R$ 1,1 milhão para produzir "Astrobaldo". Feito em técnica mista (2D e 3D), o roteiro traz a história de um garotinho de 5 anos - o Astrobaldo, animado em 2D -, que sonha em ser astronauta e vive imaginando aventuras - animadas em 3D.
Oportunidade
Apesar do custo barato para produzir todos os episódios - R$ 7 mil por cada minuto animado -, os realizadores valorizam a oportunidade de ter uma série exibida, o que sempre foi uma dificuldade no audiovisual brasileiro.
"Já temos a garantia de que vai ser exibida por TVs públicas e só isso já é espetacular", afirma Mariana. Opinião comungada pelo parceiro Telmo e também por Neil, que aponta a competição regionalizada como uma melhoria trazida pelo edital. "Eu espero que isto possa esboçar nossa independência no futuro, porque não podemos só depender da máquina pública para produzi", afirma.
Fonte: Diário do Nordeste
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