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André Blocandrebloc@opovo.com.br
Na última sexta, 4, dois momentos ajudaram a nortear os rumos do setor audiovisual cearense para os próximos anos. No primeiro, membros da Câmara Setorial do Audiovisual (CSA), órgão consultivo ligado à Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), se reuniram com Élcio Batista, chefe de gabinete do governo Camilo Santana (PT) para discutir a criação da Ceará Filmes, empresa audiovisual ligada ao Estado. No segundo ato, os resultados da reunião foram expostos na mesa “As políticas públicas para o audiovisual: perspectivas”, realizada no Porto Iracema das Artes.
Participaram do debate o diretor-presidente da SPCine, Alfredo Manevy, o presidente do Instituto Dragão do Mar, Paulo Linhares, e o professor e presidente da CSA, Marcelo Ikeda. “É uma articulação em prol de uma política mais estratégica para a área audiovisual. Para se firmar nessa economia, você precisa de estratégia”, destaca Ikeda, sobre a articulação dos setores para a criação da Ceará Filmes, que funcionaria como uma empresa audiovisual ligada ao governo do Estado, da mesma forma que a SPCine é atrelada à Prefeitura de São Paulo.
Marcos Tardin, diretor-executivo da TV O POVO, participou da reunião como representante da Associação Cearense de Emissoras de Rádio e Televisão (Acert) na CSA e destaca o número de possibilidades que o setor vem abrindo. “Uma Ceará Filmes funcionando seria um divisor de águas no audiovisual cearense”, ressalta. Segundo ele, o primeiro passo é a abertura de uma diretoria audiovisual dentro da Adece, de forma a se gerir recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) e da Agência Nacional do Cinema (Ancine).
“Se a gente cria a diretoria, a gente começa a ter maiores condições de acesso à verba do FSA”, destaca, citando avanços na área como a lei 12.485/2011 (Lei da TV Paga). Hoje, o audiovisual é responsável por 0,5% do Produtor Interno Bruno (PIB) nacional.
Nas reuniões, foi indicado ainda o apoio da TV O POVO, da TV Ceará, da NordesTV e da TV Jangadeiro à criação da Ceará Filmes, com a garantia de exibição de conteúdo cearense na programação dos canais. “Com tudo isso, podemos ter mais produção audiovisual local, que você poderá ver na TV daqui e nas TVs nacionais”, explica Tardin.
Para Paulo Linhares, a articulação conjunta do setor audiovisual é essencial para um aumento da relevância do setor. Segundo ele, um dos dilemas atuais é a produção -e por conta disso aposta na formação de roteiristas na escola Porto Iracema das Artes. Isso, porém, não é o bastante: “Você pode até fazer filmes, mas não consegue furar o bloqueio da distribuição”, lamenta o presidente do Dragão do Mar.
Para ele, a Ceará Filmes, como mecanismo de produção, distribuição e exibição, pode ser um passo definitivo para o desenvolvimento da área. “Se a gente montar a empresa, a gente pode pleitear diretamente os 30% do FSA para Norte/Nordeste e Centro-Oeste, mesmo antes de regulamentação”, diz, falando de recursos da Ancine.
Já Alfredo Manevy destaca que as mudanças que o audiovisual cearense se propõe a fazer e que São Paulo já vem fazendo são uma “reconfiguração política”. “A cultura é central para combater todos os problemas sociais. É algo que ajuda a cidade a se desenvolver”, garante. “Agora tem que nascer essa irmã da SPCine”, completa, se referindo à Ceará Filmes.
SAIBA MAIS
O que é a SPcine?
Fundada em janeiro de 2015, a SPcine é a segunda empresa de cinema e audiovisual brasileira, juntando-se à RioFilme, criada em 1992. A empresa paulistana tem como principal acionista a Prefeitura de São Paulo, com parcerias ainda com o Governo do Estado e o Ministério da Cultura.
A SPCine atua em três eixos principais: Inovação, criatividade e acesso; desenvolvimento econômico e integração e internacionalização. Na prática, a empresa funciona na produção e distribuição de conteúdo audiovisual (cinema, TV, games e web), além de administrar algumas salas de exibição de cinema em São Paulo.
Fonte: Jornal O Povo
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