06.05.2015
Cidades, Estados e União se unem para alavancar setor cultural e oferecer espaço, ainda, para o lazer
Fortaleza. O cinema e o teatro estão retomando o papel cultural de relevância no Interior. Iniciativas municipais, estaduais e federais despontam, não apenas para a abertura de novas casas de espetáculos, mas também de restauro de antigas edificações, que serão destinadas para a dramaturgia e a sétima arte.
Em Aracati, uma dessas iniciativas é a inauguração, até o fim deste ano, do Teatro Francisca Clotilde, uma edificação do início do século passado. As obras de restauro já estão sendo executadas e a expectativa é que seu funcionamento ocorra ainda neste ano.
O prefeito de Aracati, Ivan Silvério (PDT), informou que as obras de restauro estão sendo realizadas pelo Município, em parceria com o Ministério da Cultura. "Trata-se do resultado de um trabalho que fizemos em Brasília, no sentido de atrair as atenções para o nosso parque histórico", disse.
Expansão
A ideia é que o espaço tanto venha a apresentar peças teatrais, quanto produções cinematográficas. O local é um dos mais destacados da cidade, na Avenida Coronel Alexanzito, que reúne casarões e prédios históricos.
Mais interessante é que, para uma cidade que não possuia nenhum cinema, a expectativa é que já no próximo ano passe a contar com três salas de projeção. Além do Teatro Francisca Clotilde, Aracati foi um dos oito municípios contemplados pelo projeto Cinema na Cidade, criado pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult) e pela Agência Nacional do Cinema (Ancine). Cada um receberá duas salas de cinema - uma com capacidade para 100 espectadores, outra para 200, gerando novos espaços de exibição, de forma acessível. As cidades beneficiadas são Aracati, Canindé, Crateús, Itapipoca, Crato, Iguatu, São Benedito e Tauá.
O titular da Secult, Guilherme Sampaio, informou que a previsão é que as obras de construção dos novos espaços comecem no segundo semestre. O prazo, no entanto, vai depender ainda do desenvolvimento do processo de licitação.
Subsistência
Guilherme Sampaio diz que não há o que temer em relação à sobrevivência dos cinemas, porque não haverá uma tônica comercial, mas sim cultural, que é arcada com recursos públicos.
"A Secult é estadual e a nossa linha de ação é a política cultural do Estado. Linha comercial cabe à iniciativa privada. Temos que elaborar uma programação de qualidade e que estimule pessoas a irem ao cinema. Mas os equipamentos serão das prefeituras, embora a Secult venha a dar uma diretriz", afirmou Guilherme Sampaio.
No caso de Aracati, apenas para dar um exemplo, a gestão caberá ao Município. O prefeito disse que a meta é estabelecer uma programação cultural, com a cobrança de ingressos cujo valor será revertido para a manutenção de um fundo municipal de cultura.
"Trata-se de uma medida que merece todos os elogios, porque ressalta a cultura, oferece um novo espaço de lazer e entretenimento e fortalece outras ações voltadas para o incremento do turismo", disse Ivan Silvério.
Fase atual
O projeto ainda está na fase de apresentação dos terrenos onde serão construídos os cinemas, a serem edificados com 80% de recursos federais e 20% de recursos do governo do Estado, em uma articulação promovida pela Secult.
A Secretaria da Cultura está encaminhando ao Departamento de Arquitetura e Engenharia (DAE) os dados sobre os terrenos apontados por cada município como propícios e disponíveis para receber os cinemas. O DAE definirá um cronograma de visitação a esses terrenos, para avançar no detalhamento e na adequação dos projetos.
"Paralelamente a isso, os prefeitos que ainda não nos enviaram plantas com a topografia dos referidos terrenos. O farão nos próximos dias. E a Secult elaborará uma minuta a ser sugerida a cada Prefeitura, relativa ao projeto de isenção de impostos requerido pela Ancine, como parte das responsabilidades das Prefeituras, para que agilizem junto às Câmaras Municipais essas isenções", acrescentou o secretário Guilherme Sampaio.
O programa "Cinema Perto de Você", do qual faz parte o projeto "Cinema na Cidade", que com o apoio da Secult inclui os municípios cearenses, é organizado e coordenado pela Ancine, em parceria com o Ministério da Cultura (MinC), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Ministério da Fazenda.
O programa articula diversos instrumentos federais para a expansão, democratização e descentralização dos serviços de exibição cinematográfica, com foco na inclusão da população com baixa renda e residentes no Interior dos Estados. O objetivo é que, em quatro anos, sejam implantados 600 novos espaços de exibição em todo o Brasil.
Marcus Peixoto
Repórter
Repórter
Fonte: Diário do Nordeste
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