Marcelo Ikeda - Professor do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Ceará (UFC) e presidente da Câmara Setorial do Audiovisual (CSA/Adece
Apesar da crise, o setor audiovisual permanece crescendo a uma taxa média de 9% ao ano, e já representa 0,5% do PIB nacional, com faturamento anual acima de R$ 20 bilhões. As transformações tecnológicas da virada do século estimularam ainda mais o setor, criando novos modelos de negócios. A Região Nordeste é a que mais cresce em todo o país e, no audiovisual, mais de 50% nos últimos cinco anos.
Vivemos um momento de muitas oportunidades no audiovisualbrasileiro, e em especial no Nordeste. Nos últimos anos, o Ceará tem produzido filmes de destaque. Os três de maior bilheteria nos últimos 20 anos produzidos no Nordeste são cearenses: Cine Holliúdy, Bezerra de Menezes e As mães de Chico. Outros filmes têm participado de importantes festivais nacionais e internacionais, como O grão, Os últimos cangaceiros, Com os punhos cerrados. Seja nos resultados comerciais seja nos artísticos, o cinema cearense atravessa um dos mais pujantes momentos de sua história.
A Agência Nacional do Cinema (Ancine), por meio do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), tem oferecido novas oportunidades de financiamento à produção nacional. A Lei 12.485/11 inseriu a obrigatoriedade de veiculação de produção independente brasileira nos canais da TV por assinatura. Temos, então, uma nova demanda por conteúdo brasileiro, e os recursos do FSA, de R$ 600 milhões/ano, para o financiamento dessa produção. As produtoras cearenses buscam se inserir no cenário da produção nacional, capacitando-se aos recursos do FSA, ainda concentrados no eixo Rio-São Paulo.
Para tanto, é fundamental o investimento do Governo do Estado do Ceará, em especial a Secretaria de Cultura. Vivemos um momento deesperança, quando o Governador Camilo Santana anunciou que a cultura seria um dos setores estratégicos de seu de governo. A Ancine vem estimulando as parcerias com os governos estaduais, complementando recursos, mas, para isso, é preciso que o Governo do Estado entenda o setor audiovisual como estratégico.
O Programa Especial de Fomento (PEF) prevê a criação de um fundo de R$ 10,8 milhões baseado em renúncia fiscal federal. Quatro canais de televisão - NordesTV, Jangadeiro, TV Ceará e TV O POVO - firmaram compromisso de exibir as obras cearenses produzidas pelo PEF. A criação de um órgão central - a Ceará Filmes - aos moldes de experiências de outros estados, como a RioFilme e a SpCine, teria condições operacionais de levar à frente um planejamento estratégico de médio e longo prazo, elaborado em conjunto pelo setor e pelo governo.
São medidas que podem levar o audiovisual cearense a outro patamar, seja como potencial simbólico seja como agente de desenvolvimento econômico. Na Terra do Sol, os ventos parecem soprar a favor.
Fonte: Jornal O Povo
24/10/2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário