No século XI, o cinema cearense, mesmo com escassos apoios de políticas públicas estaduais, conquistou espaço significativo no cenário nacionalRosemberg Cariry - Ex- presidente da Associação de Produtores e Cineastas do Norte/Nordeste – APCNN
Em 1908, em Fortaleza, Victor di Maio abre as portas do seu Cinematographo Art-Nouveau. Daí por diante teríamos uma trajetória cheia de heroísmos, tragédias e vitórias, que passa por Adhemar Albuquerque – Aba Film, pelo sírio-libanês Benjamin Abrahão (do documentário Lampião, de 1936), pela experiência de Orson Welles em praias cearenses (anos 1940), até chegar ao nosso criativo e inquieto cinema contemporâneo. No início da década de 1980, no Crato e em Fortaleza, surgem jovens cineastas que fundariam o moderno cinema cearense. As associações – Associne e a ABD-CE desempenharam importantes papéis na conquista depolíticas públicas, feita passo a passo, em projetos e ações que vão desde a Casa Amarela (Eusélio/Wolney Oliveira), passando pelo Complexo Industrial de Produções Cinematográficas e Audiovisuais do Nordeste (gestão Violeta Arraes) até chegar ao Instituto Dragão do Mar e ao Porto Iracema (gestão Paulo Linhares), surgindo também várias empresas produtoras de audiovisuais.
No século XXI, o cinema cearense, mesmo com escassos apoios de políticas públicas estaduais, conquistou espaço significativo no cenário nacional e fez do Ceará um dos mais importantes polos de produção do Nordeste. A vanguarda do cinema brasileiro hoje passa obrigatoriamente pelo Ceará. O cinema aqui realizado conseguiu romper os muros da província e alçar voos largos, em salas, festivais e mostras do Brasil e do exterior. Um sucesso. Mas precisamos crescer ainda mais, atraindo para o Ceará os recursos destinados por lei, pela Ancine, para a região Nordeste. Para termos um projeto amplo e integrado ao processo de crescimento econômico, precisamos de uma Agência de Desenvolvimento Audiovisual e de Convergências Digitais, ou mesmo da Ceará Filmes, inspirada no modelo da SP Cine, com uma estrutura leve, mas capaz de atrair os recursos necessários ao novo patamar conquistado por nossas produções.
O nosso cinema, diante de uma política estadual ainda tímida, tem trabalhado mais com recursos federais, dinheiro que gera empregos e rendas, desenvolvendo bens materiais e imateriais no Ceará. Muitos mais recursos federais e mesmo internacionais podem ser atraídos, ajudando na consolidação de uma indústria audiovisual no nosso Estado. E aonde chegar um filme cearense chegará também a nossa paisagem, a nossa produção material, o nosso povo, a nossa cultura e os nossos sonhos. O Governador Camilo Santana compreendeu esse novo paradigma da hipermodernidade e parece disposto a transformar o Ceará em um dos mais importantes centros de produção audiovisual e de convergência digital do Nordeste. O futuro é agora.
Fonte: Jornal O Povo
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